A retomada do projeto do ramal ferroviário Petrolina–Salgueiro, interrompido em 1992, foi o foco do seminário Conexões Transnordestina – A ferrovia que mudará Pernambuco, realizado nesta quarta-feira (13), no auditório da CDL em Petrolina. A iniciativa integra uma série de encontros itinerantes que percorrem arranjos produtivos locais e reforçam a importância da mobilização social e política em torno da conclusão do equipamento logístico, incluindo o trecho pernambucano. Nesta edição, o seminário contou com a participação do reitor Alfredo Gomes entre os palestrantes convidados.

O reitor da UFPE ressaltou o papel da Universidade na elaboração dos estudos de viabilidade e sobre a relevância da obra. “Há uma dimensão estratégica para a região Nordeste. O trecho Petrolina–Salgueiro insere a cidade no mapa logístico com conexões importantes e fortalece profundamente a economia regional. Nosso compromisso é finalizar os estudos ainda este ano, considerando custos, impactos ambientais e potencial de integração. É uma obra estruturadora, e a grande beneficiária será a população”, disse o reitor Alfredo Gomes. O estudo de viabilidade, uma parceria entre a Sudene e a UFPE, avaliará aspectos técnicos, socioambientais e econômicos, com o objetivo de conectar o polo de fruticultura do Vale do São Francisco ao entroncamento da Transnordestina, integrando a produção local à malha ferroviária nacional.

Para o coordenador de Estudos e Pesquisas da Sudene, José Farias, o encontro em Petrolina simboliza o compromisso da autarquia em liderar o diálogo e articular soluções para tornar o ramal uma realidade. “Petrolina acolhe o desafio de trazer o ramal da Transnordestina, interligando a cidade à ferrovia. É importante abrir o diálogo e trabalhar um plano de ação que envolva todos os atores. Essa é a maior obra de infraestrutura em andamento no Brasil, com potencial de gerar negócios e atrair novas indústrias. A Sudene se compromete a estar à frente dessas discussões e temos instrumentos para apoiar a obra e seu desenvolvimento”, afirmou. A Sudene é a principal financiadora da ferrovia.

Os números mostram a relevância estratégica da conexão. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, mas ocupa apenas a 23ª posição entre os maiores exportadores, em grande parte devido a gargalos logísticos. Em 2024, o Vale do São Francisco respondeu por 30% do volume e 27% do faturamento nacional das exportações de frutas, com destaque para a manga – que gerou mais de US$ 323 milhões – e a uva, com US$ 155 milhões. Hoje, quase 80% das frutas brasileiras são exportadas para o mercado europeu, concentrando a logística em poucos portos e rotas. A ampliação de corredores logísticos é vista como fundamental para reduzir custos e ampliar a competitividade internacional.

O evento foi prestigiado por lideranças políticas locais, representantes de universidades, trabalhadores dos arranjos produtivos locais e movimentos sociais. A próxima edição do seminário ocorrerá nesta sexta (15), em Araripina, município estratégico do polo gesseiro.