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Fórum do HC debate avanços e desafios no cuidado integral a pessoas trans

Evento marcou a celebração por mais de uma década de atuação do Espaço Trans do hospital-escola

Com o tema “Avanços e desafios no cuidado integral em saúde para a população trans”, o Espaço de Acolhimento e Cuidado de Pessoas Trans e Travestis do Hospital das Clínicas da UFPE promoveu um fórum, nesta quarta-feira (dia 18), no auditório do Departamento de Enfermagem. O HC-UFPE é uma unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

O evento, que celebra os 10 anos do Espaço Trans e o mês do orgulho LGBTQIAPN+ (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer, intersexo, assexuais, pansexuais, não-binários e outras identidades), começou com uma apresentação da performista e ativista Lilian Fhontinelly, que é usuária do Espaço Trans.

“Me sinto lisonjeada em estar aqui celebrando com a equipe (multiprofissional do HC) e com colegas usuárias e usuários esses mais de 10 anos. O trabalho do Espaço Trans me deu o direito de ser uma mulher negra, trans redesignada, feliz e autoafirmada com a minha identidade”, afirmou Lilian, ao encerrar a sua apresentação. Ela estava com o leque do Inamur (Instituto Nacional de Mulheres Redesignadas), entidade que promove a visibilidade dessas pessoas.

Além das autoridades, a mesa de abertura contou com a participação de dois usuários para representar as pessoas atendidas pelo ambulatório. “Acredito que muitas vidas tenham sido salvas pelo Espaço Trans com o atendimento, acolhimento e escuta que são feitos aqui. Desde o início, os profissionais seguram as nossas mãos e lutam conosco pelos nossos direitos”, destacou Mia Xavier, ao lembrar que os acessos à saúde, educação, segurança e convivência costumam ser negados ou retirados, quando a pessoa se entende como trans.

Conselheiro do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades e primeiro homem trans a passar pela mastectomia masculinizadora no HC, Leonardo Tenório, abordou os desafios. “O Espaço Trans é um lugar de resistência, sendo um dos primeiros do Brasil. Temos grandes desafios pela frente como o financiamento para possibilitar maior acesso e a ampliação da rede incluindo a interiorização. Os procedimentos ajudam a construir a autoafirmação de gênero e promovem o bem-estar psicológico”, explicou o ativista.    

Espaço de luta
Em sua fala, a coordenadora do Espaço Trans do HC, Paula Azevedo Graça, lembrou que o HC foi um dos cinco primeiros serviços de saúde nacionais a ofertar procedimentos cirúrgicos e não cirúrgicos de modificação corporal para a população trans e travesti do Brasil. “Nossa causa é justa e digna para garantir o acesso à saúde das pessoas trans. O Espaço é um lugar em que lutamos por políticas públicas para o cumprimento dos direitos humanos”, disse.

A pró-reitora de Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida da UFPE, Brunna Carvalho, representando o reitor Alfredo Gomes na solenidade, agradeceu à equipe do HC “por ter enfrentado esse desafio de há mais de 10 anos ter criado o Espaço Trans. Parabéns pelo compromisso e pela coragem e continuem a avançar.”  

O superintendente do HC, Filipe Carrilho, ressaltou o HC como um espaço de dignidade e respeito. “O HC é um local de transformação, e o Espaço Trans simboliza isso muito bem. Temos uma equipe comprometida com o trabalho e com as pessoas e que escuta e tem empatia. A lista de espera para acesso ao serviço mostra que precisamos avançar em estrutura e em apoios”, comentou o gestor.  

Além deles, participaram da mesa o gerente de Atenção à Saúde, Glauber Leitão; o gerente administrativo, Wagner Cordeiro; a chefe da Unidade de Saúde Mental do HC, Suzana Livadias; e o coordenador de saúde LGBT da Secretaria Estadual de Saúde, Luiz Valério.

Após a mesa de abertura, o urologista Rogerson Andrade, que trabalhou por 10 anos no Espaço Trans, foi homenageado pelos colegas e usuários por sua atuação. “Esse período foi de grande aprendizado para a minha vida pessoal e profissional”, agradeceu o médico.

Na sequência, mesas-redondas sobre o funcionamento do Espaço Trans foram compostas pela equipe multiprofissional com o olhar sob a perspectiva da área cirúrgica; sob a perspectiva da área clínica; e a apresentação de questões de atendimento e acesso ao serviço. Também foi realizada uma roda de diálogo com representantes da rede de serviços de saúde para a população LGBT de Pernambuco.

A programação da tarde inclui mostra de produções acadêmicas (dissertação, tese e artigos relativos ao Espaço Trans), o lançamento da Cartilha elaborada pelo Espaço Trans para trabalhadores do HC, mostra artística das pessoas atendidas no ambulatório e mais homenagens.

Sobre a Ebserh
O HC-UFPE faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.

Data da última modificação: 18/06/2025, 16:29